Evaldo Balbino
A ilha
é um olho vendado a me olhar.
é um olho vendado a me olhar.
É mar
no vácuo impenetrável de um lar,
onde a família é ilhada.
A ilha
é a marca intocável de um corpo
protelando um encontro imaginário em um bar,
onde bebe embriagada a humanidade.
A ilha
é retórica terrível de um narciso.
É discurso infindável e solitário de um
mundo,
onde o fundo da existência é dividido.
A ilha
é muro venéreo de um estado.
É luto anunciado por um mudo,
cuja palavra é fria e isolada.
A ilha
é a palavra isolada de uma língua.
É código onde os corpos e a cor do amor
são indecifráveis.
A ilha
é uma ilha ilhada em alto-mar.
(BALBINO, Evaldo. Filhos
da pedra. São Paulo: Nelpa, 2012. p. 49)
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