Verso do poema "(Des)motivo" - do livro "Moinho" - 1ª edição 2006; 2ª edição 2021

sábado, 2 de setembro de 2017

Lançamento - "Fantasma de Joana d'Arc"

Meus caros amigos, é com satisfação que convido a todos para os eventos de lançamento do meu mais novo livro, Fantasma de Joana d'Arc.
 
1. Resende Costa - MG - Teatro Municipal: 08/09/2017 (Convite abaixo)
 
2. Belo Horizonte - MG - Livraria Café com Letras: 23/09/2017 (Convite abaixo)
 
3. São João del Rei - MG - Academia de Letras de São João del Rei: 24/09/2017
 
4. Montes Claros - MG: Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES): 18/10/2017
 


 
 
 
Fantasma de Joana d’Arc é o terceiro livro de poesias de Evaldo Balbino e sétimo de sua produção. Estudioso da poesia mística, com dissertação de mestrado e tese de doutorado sobre Adélia Prado e Santa Teresa d’Ávila, Evaldo Balbino – professor de Português e de Literatura da Universidade Federal de Minas Gerais – reinscreve nessa obra, mais do que nos dois livros de poesia anteriores, um discurso poético sobre o sagrado/profano num viés místico-erótico e místico-homoerótico. Toma-se, ao longo do livro, a figura histórico-mítica de Joana d’Arc para a construção de poemas místico-eróticos, nos quais vozes poéticas femininas/masculinas misturam o sagrado e o profano. Desse modo, comparecem no livro Fantasma de Joana d’Arc, entre outras temáticas: uma discussão poética sobre a alma humana e sobre as reverberações da vida nessa alma; os tabus e as repressões que, na cultura geral e religiosa, recaem sobre o humano; metalinguagem que reitera um fazer literário investido do sagrado e da labuta com as palavras; discursos de libertação do ser, em sua nudez e inteireza corporal/espiritual.
 
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Texto que consta na orelha do livro

 

Evaldo Balbino em seu livro Fantasma de Joana d’Arc retoma procedimentos poéticos anteriores, mas imprime uma poética particular nascida do imaginário passional que oferece a personagem de Joana d’Arc. Imaginário nutrido não só pelo mito, mas também por intertextualidades como a que realiza com o cinema de Carl Theodor Dreyer. Joana oferece diversas possibilidades desde o relato, às vezes em terceira pessoa e às vezes em primeira, até a apelação:

 

Alimentaste, Joana,

um falso sonho humano,

um falso sonho sem fim. (p 37)

 

Um procedimento muito sutil é o jogo do travestismo poético, por exemplo, no poema que dá origem ao título da obra, “Fantasma de Joana d`Arc”:

 

Sigo na escura procura,

deixo-os gritando na praça

chamando-me bruxa e puta. (p.69)

 

Além desta convocação ao mito, o livro constrói o eu poético e sua palavra por meio de poemas existenciais (“Arte de encenar”, entre outros) ou meta-literários como “O poeta, a flor e o pássaro”.  Alguns poemas, inclusive, combinam os dois procedimentos performaticamente: do texto ao corpo e do corpo ao texto.

 

Mamãe dizia

que eu era um anjo

e que na terra eu viveria

como no céu.

 

Mas sou poeta. (p.52)

 

Não posso fechar esta rápida apresentação sem dizer do peso da religiosidade e da força passional que aparece no conjunto da obra. Os versos confundem o leitor dentro de uma atmosfera na qual se combinam o divino com as referências mitológicas (Tânatos, Eros), artísticas (Guido Reni), históricas (Catarina de Alexandria), para transbordarem com uma palavra que não aceita fronteiras nem dogmatismos:

 

Meus olhos abertos, apesar de tudo,

não pedindo perdão

por não dormirem o sono dos justos,

te proclamam ó deus desertado!

Exilado das molduras nas paredes

e dos corações dogmáticos. (p. 43)

 

O Fantasma de Joana d`Arc é um livro de múltiplas facetas, mas seus versos primam pelos motivos recorrentes na obra de Evaldo Balbino: o eu, a paixão, o corpo, a religiosidade e a escrita poética. Seus poemas convocam uma série de personagens que, como se fossem uma corte, acompanham a trajetória da existência e do escrever.

 

Sara Rojo
                                                                                                 (UFMG/CNPq)

 
 
 

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